Naquele breve instante
em que o espermatozoide penetra no ovulo, tudo começa a se transformar no
organismo da futura mamãe. A meta principal é criar as condições necessárias
para que esse minúsculo embrião cresça saudável e forte até a hora do parto e
até mesmo depois, durante o período de amamentação. A atuação dos hormônios
para cumprir esse objetivo e, por isso, todas as glândulas da mulher irão se
readaptar à nova situação, alterando bruscamente o delicado equilíbrio do
organismo.
Logo nos primeiros
dias, cabe aos ovários a grande responsabilidade de manter o feto em seu ninho.
A progesterona se esforça para preparar as paredes internas do útero, um
acolchoado fofinho cheio de vãos sanguíneos para acolher e nutrir o pequeno
bebê que irá se alojar ali. Pouco a
pouco, a placenta se desenvolve. Ela é uma estrutura incrível que, além de
desempenhar vários papeis na interação entre a mãe e o bebê, faz também as
vezes de uma super glândula.
Embora, nas
primeiríssimas semanas da gestação, o sistema endócrino do próprio embrião
supra parte de suas necessidades, a placenta toma para si a tarefa de fabricar
vários hormônios necessários para criança e para mãe. Um exemplo é o hormônio
do crescimento passa a ser produzido quase que exclusivamente nela, dando um
descanso a temporário a região da hipófise que geralmente cuida do GH.
A retenção de líquidos
e os enjoos comuns no começo da gestação são os efeitos mais evidentes da
sobrecarga de hormônios no organismo da mãe. Um detalhe interessante, as vezes
a quantidade de estrogênio pode ser tão grande que as mamas do feto crescem e
até produzem leite, pelo estimulo da prolactina. É popularmente conhecido como
leite de bruxa, que apesar de esquisito, não é motivo de preocupação, pois logo
desaparece.
Em primeiro lugar, toda
grávida deve avaliar se sua tireóide está funcionando bem, porque é essa
glândula é o instrumento que vai manter a unidade entre esses dois organismos,
influenciar no crescimento do bebê e em uma série de outros processos
gestacionais.
Assim como a
testosterona, o T3 e o T4 são hormônios de estrutura molecular pequena, que
precisam ser carregados por uma proteína para que não sejam destruídos enquanto
circulam pelo corpo. Enquanto estão ligados essa proteína, eles não tem força
alguma, apenas quando chega ao seu destino final é que são libertados e podem
agir. Ao longo da gravidez, as altas taxas de estrogênio oriundas da placenta
aumentam os níveis dessa proteína no sangue. Para compensar, a tireóide precisa
incrementar sua produção a fim de que haja uma boa quantidade de hormônios
livres ou ativos. Quando se medem as taxas de hormônios tireoidianos na
gravidez, é preciso considerar também esses fatores.
Em uma mulher saudável,
a tireoide dá conta de umas horas extras. Porém, nas que sofrem de
hipotireoidismo, é preciso suprir as deficiências com uma dose maior dos
hormônios que vinham utilizando habitualmente. Eu já disse também que o
hipotireoidismo vem sendo apontado como um fator de predisposição de abortos
espontâneos. Até mesmo as mulheres que não tem os sintomas desse distúrbio, mas
possuem anticorpos contra os hormônios tireoidianos – algo que os exames de
sangue podem detectar – devem tomar cuidado.
Na
hora H
No momento do parto,
entra em ação outro hormônio que estava adormecido: a ocitocina. Ela é
fabricada pelo hipotálamo e fica armazenada na parte posterior da hipófise até
que chegue o instante de expulsar o bebê do útero. Quando liberada no sangue, a
ocitocina provoca as contrações uterinas. Mas, se a hipófise se apressar
demais, esse hormônio cai na corrente sanguínea antes da hora e provoca o parto
prematuro. Por isso, os cientistas estão desenvolvendo drogas antiocitocina,
que diminuem esse risco.
A ocitocina, por outro
lado, é aliada no processo da produção de leite materno. Durante a gravidez, a
hipófise trabalhou muito para acumular um bom estoque de prolactina, o
principal hormônio da amamentação. Só que o estrogênio fabricado pela placenta
impede que as glândulas mamarias liberem o leite. Assim que a placenta vai
embora, finalmente a prolactina, juntamente com a ocitocina e outros hormônios,
dá início à chamada descida do leite, tornando possível a amamentação.
Enquanto a mamãe da
leite ao bebê, a prolactina age como um anticoncepcional natural, impedindo a
ovulação e a menstruação. Mas cuidado: não se pode confiar apenas na prolactina
para impedir uma nova gravidez. Esse hormônio também reduz o apetite sexual, um
mecanismo absolutamente natural que faz com que nesse período a mulher se
concentre somente ao bebê.
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